Retoma tardia do crescimento num contexto de abrandamento da inflação

    16 Fevereiro, 2024 José Ricardo Sousa 331 Sem comentários

    Na sequência do ténue crescimento registado no ano passado, a economia da UE entrou em 2024 em piores condições do que o previsto. As previsões intercalares do inverno da Comissão Europeia reveem o crescimento, tanto na UE como na área do euro, para 0,5 % em 2023, o que compara com os 0,6 % projetados nas previsões do outono, e para 0,9 % (contra 1,3 %) na UE e 0,8 % (contra 1,2 %) na área do euro em 2024. Para 2025, as previsões continuam a apontar para um crescimento da economia de 1,7 % na UE e de 1,5 % na área do euro.

    A inflação deverá abrandar mais rapidamente do que o previsto no outono. Na UE, prevê-se que a inflação medida pelo índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC) caia de 6,3 % em 2023 para 3,0 % em 2024 e 2,5 % em 2025. Na área do euro, deverá desacelerar de 5,4 % em 2023 para 2,7 % em 2024 e 2,2 % em 2025.

    Drapeaux Berlaymont

    O crescimento recuperará força em 2024, após um início do ano fraco

    Em 2023, o crescimento foi travado pela erosão do poder de compra das famílias, pela política monetária fortemente restritiva, pela retirada parcial dos apoios orçamentais e pela queda da procura externa. Tendo evitado por pouco uma recessão técnica no segundo semestre do ano passado, as perspetivas para a economia da UE no primeiro trimestre de 2024 permanecem fracas.

    A atividade económica ainda deverá, contudo, acelerar gradualmente ao longo deste ano. À medida que a inflação continua a diminuir, o crescimento dos salários reais e um mercado de trabalho resiliente deverão apoiar uma recuperação do consumo. Apesar da queda das margens de lucro, o investimento deverá beneficiar de uma flexibilização gradual das condições de crédito e da continuação da execução do Mecanismo de Recuperação e Resiliência. Além disso, o comércio com parceiros de fora da UE deverá normalizar-se, após um desempenho fraco no ano passado.

    O ritmo de crescimento deverá estabilizar a partir do segundo semestre de 2024 e até ao final de 2025.

    Uma descida da inflação mais rápida do que o previsto

    A descida da inflação nominal em 2023 foi mais rápida do que o previsto, em grande medida impulsionada pela diminuição dos preços da energia. Dada uma certa estagnação da atividade, o abrandamento das pressões de preço no segundo semestre do ano passado alargou-se a outros bens e serviços.

    Os resultados da inflação inferiores ao previsto nos últimos meses, a diminuição dos preços das matérias-primas energéticas e um dinamismo económico mais fraco colocaram a inflação numa trajetória de descida mais acentuada do que o previsto nas previsões do outono. A curto prazo, contudo, a supressão das medidas de apoio à energia em todos os Estados-Membros e o aumento dos custos de transporte na sequência de perturbações do comércio no Mar Vermelho deverão exercer algumas pressões no sentido do aumento dos preços, sem por isso prejudicar o processo de redução da inflação. Na reta final do horizonte das previsões, a inflação nominal da área do euro deverá situar-se ligeiramente acima do objetivo do BCE, enquanto na UE atingirá um nível ligeiramente mais elevado.

    Maior incerteza num contexto de tensões geopolíticas

    Estas previsões são afetadas por alguma incerteza, dado o contexto de tensões geopolíticas prolongadas e o risco de um novo alargamento do conflito no Médio Oriente. O impacto do aumento dos custos de transporte na sequência das perturbações do comércio no Mar Vermelho deverá ser apenas marginal, mas quaisquer novas perturbações poderão resultar em estrangulamentos adicionais da oferta, que poderão bloquear a produção e levar a um aumento dos preços.

    A nível interno, os riscos para as projeções de base ligadas ao crescimento e à inflação estão relacionados com o facto de o consumo, o crescimento dos salários e as margens de lucro poderem ter um desempenho inferior ou superior às expectativas, bem como ao tempo durante o qual as taxas de juro irão permanecer elevadas. Os riscos climáticos e a frequência crescente de fenómenos meteorológicos extremos continuam também a colocar problemas.

    Contexto

    As previsões económicas do inverno de 2024 atualizam as previsões económicas do outono de 2023, principalmente no que respeita à evolução do PIB e da inflação em todos os Estados-Membros da UE.

    As referidas previsões baseiam-se num conjunto de pressupostos técnicos em matéria de taxas de câmbio, taxas de juro e preços dos produtos de base à data de referência de 29 de janeiro de 2024. Relativamente a todos os outros dados necessários, incluindo os pressupostos relativos às políticas públicas, as previsões assentam nas informações disponíveis até 1 de fevereiro de 2024, inclusive.

    A Comissão Europeia publica anualmente dois exercícios de previsão exaustivos (primavera e outono) e dois exercícios intercalares (inverno e verão). As previsões intercalares englobam, para o ano em curso e para o ano seguinte, as taxas de crescimento do PIB e as taxas de inflação anuais e trimestrais para todos os Estados-Membros, bem como para a UE e a área do euro no seu conjunto.

    As próximas previsões da Comissão serão as previsões económicas da primavera de 2024, a publicar em maio.

    Para mais informações

    Documento integral: Previsões económicas do inverno de 2024

    Siga o vice-presidente Valdis Dombrovskis no Twitter: @VDombrovskis

    Siga o comissário Paolo Gentiloni no Twitter: @PaoloGentiloni

    Siga a DG ECFIN no Twitter: @ecfin

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