Declaração da presidente Ursula von der Leyen na sequência da reunião extraordinária do Conselho Europeu de 24 de fevereiro de 2022

    25 Fevereiro, 2022 José Ricardo Sousa 531 Sem comentários

    Com os acontecimentos de hoje, a Europa vive um momento decisivo. Mulheres, homens e crianças inocentes são vítimas de bombas. Receiam pela vida e muitos morrem. Tudo isto está a acontecer em 2022 — no coração da Europa. O presidente Putin decidiu trazer a guerra de volta à Europa. Estamos face a uma verdadeira invasão da Ucrânia. Esta situação põe em causa os fundamentos da nossa ordem de paz.

    Mas hoje afirmo: a União Europeia está unida. Esta noite, os dirigentes europeus falaram de uma só voz ao condenarem este ataque brutal e não provocado. Temos de agir. O Kremlin será responsabilizado. O pacote de sanções maciças e específicas, aprovado hoje pelos dirigentes europeus, mostra claramente que terá um impacto máximo na economia russa e na elite política. Assenta em cinco pilares: o primeiro é o setor financeiro; o segundo, o setor da energia; o terceiro, o setor dos transportes; o quarto, os controlos das exportações e a proibição do financiamento das exportações; e, por último, a política de vistos. Gostaria de salientar alguns dos aspetos mais importantes.

    Em primeiro lugar, este pacote inclui sanções financeiras que bloqueiam o acesso da Rússia aos principais mercados de capitais. Estamos a visar 70 % do mercado bancário russo, mas também as principais empresas públicas, incluindo no domínio da defesa. Estas sanções aumentarão os custos dos empréstimos contraídos pela Rússia, exacerbarão a inflação e desgastarão gradualmente a base industrial da Rússia. Estamos também a visar a elite russa, por meio da redução dos seus depósitos, para que deixem de poder esconder o dinheiro em refúgios seguros na Europa.

    O segundo pilar principal visa o setor da energia, uma área económica essencial de que o Estado russo tira especial proveito. A proibição de exportação afetará a indústria do petróleo, impedindo a Rússia de modernizar as suas refinarias de petróleo, que, em 2019, permitiram à Rússia beneficiar de receitas de exportação de 24 mil milhões de EUR.

    A terceira vertente consiste na proibição de venda de aeronaves, peças sobresselentes e equipamento às companhias aéreas russas, provocando a degradação de um setor essencial da economia russa e a conectividade do país. Três quartos da atual frota aérea comercial da Rússia foi construída na União Europeia, nos Estados Unidos e no Canadá. Por conseguinte, existe uma enorme dependência.

    A quarta dimensão reside na limitação do acesso pela Rússia a tecnologias cruciais. Limitaremos o acesso da Rússia a tecnologias essenciais de que necessita para construir um futuro próspero — como os semicondutores ou as tecnologias de ponta.

    E, por último, temos a área dos vistos. Os diplomatas e grupos afins, assim como os empresários, deixarão de ter acesso privilegiado à União Europeia.

    Como sempre, estas medidas são aplicadas em estreita coordenação com os nossos parceiros e aliados. Trata-se, evidentemente, dos Estados Unidos, do Reino Unido, do Canadá e da Noruega, e agora também da Coreia do Sul, do Japão ou, ainda, da Austrália. A nossa união é a nossa força. O Kremlin sabe isso. Tem feito tudo para nos dividir, mas falhou redondamente. Alcançou exatamente o contrário. Estamos mais do que nunca unidos e determinados.

    Em conclusão, queria sublinhar que estes acontecimentos marcam, de facto, o início de uma nova era. Temos de ser muito claros na nossa análise: Putin está a tentar subjugar um país europeu amigo. E está a tentar redesenhar os mapas da Europa pela força. Deve falhar e irá falhar.

    Obrigada.

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