Com os acontecimentos de hoje, a Europa vive um momento decisivo. Mulheres, homens e crianças inocentes são vítimas de bombas. Receiam pela vida e muitos morrem. Tudo isto está a acontecer em 2022 — no coração da Europa. O presidente Putin decidiu trazer a guerra de volta à Europa. Estamos face a uma verdadeira invasão da Ucrânia. Esta situação põe em causa os fundamentos da nossa ordem de paz.
Mas hoje afirmo: a União Europeia está unida. Esta noite, os dirigentes europeus falaram de uma só voz ao condenarem este ataque brutal e não provocado. Temos de agir. O Kremlin será responsabilizado. O pacote de sanções maciças e específicas, aprovado hoje pelos dirigentes europeus, mostra claramente que terá um impacto máximo na economia russa e na elite política. Assenta em cinco pilares: o primeiro é o setor financeiro; o segundo, o setor da energia; o terceiro, o setor dos transportes; o quarto, os controlos das exportações e a proibição do financiamento das exportações; e, por último, a política de vistos. Gostaria de salientar alguns dos aspetos mais importantes.
Em primeiro lugar, este pacote inclui sanções financeiras que bloqueiam o acesso da Rússia aos principais mercados de capitais. Estamos a visar 70 % do mercado bancário russo, mas também as principais empresas públicas, incluindo no domínio da defesa. Estas sanções aumentarão os custos dos empréstimos contraídos pela Rússia, exacerbarão a inflação e desgastarão gradualmente a base industrial da Rússia. Estamos também a visar a elite russa, por meio da redução dos seus depósitos, para que deixem de poder esconder o dinheiro em refúgios seguros na Europa.
O segundo pilar principal visa o setor da energia, uma área económica essencial de que o Estado russo tira especial proveito. A proibição de exportação afetará a indústria do petróleo, impedindo a Rússia de modernizar as suas refinarias de petróleo, que, em 2019, permitiram à Rússia beneficiar de receitas de exportação de 24 mil milhões de EUR.
A terceira vertente consiste na proibição de venda de aeronaves, peças sobresselentes e equipamento às companhias aéreas russas, provocando a degradação de um setor essencial da economia russa e a conectividade do país. Três quartos da atual frota aérea comercial da Rússia foi construída na União Europeia, nos Estados Unidos e no Canadá. Por conseguinte, existe uma enorme dependência.
A quarta dimensão reside na limitação do acesso pela Rússia a tecnologias cruciais. Limitaremos o acesso da Rússia a tecnologias essenciais de que necessita para construir um futuro próspero — como os semicondutores ou as tecnologias de ponta.
E, por último, temos a área dos vistos. Os diplomatas e grupos afins, assim como os empresários, deixarão de ter acesso privilegiado à União Europeia.
Como sempre, estas medidas são aplicadas em estreita coordenação com os nossos parceiros e aliados. Trata-se, evidentemente, dos Estados Unidos, do Reino Unido, do Canadá e da Noruega, e agora também da Coreia do Sul, do Japão ou, ainda, da Austrália. A nossa união é a nossa força. O Kremlin sabe isso. Tem feito tudo para nos dividir, mas falhou redondamente. Alcançou exatamente o contrário. Estamos mais do que nunca unidos e determinados.
Em conclusão, queria sublinhar que estes acontecimentos marcam, de facto, o início de uma nova era. Temos de ser muito claros na nossa análise: Putin está a tentar subjugar um país europeu amigo. E está a tentar redesenhar os mapas da Europa pela força. Deve falhar e irá falhar.
Obrigada.