Comissão atribui mais de mil milhões de euros a projetos inovadores para a transição climática da UE

    1 Abril, 2022 José Ricardo Sousa 291 Sem comentários

    A Comissão assinou hoje convenções de subvenção no valor de 1,1 mil milhões de euros com sete projetos de grande escala através do Fundo de Inovação da UE, financiados pelas receitas do Sistema de Comércio de Licenças de Emissão da UE (CELE). Estes projetos visam reduzir as emissões em mais de 76 MteCO2 durante os primeiros dez anos de funcionamento. Os sete projetos estão a implantar tecnologias hipocarbónicas inovadoras à escala industrial, abrangendo setores-chave como os do hidrogénio, do aço, dos produtos químicos, do cimento, da energia solar, dos biocombustíveis e da captura e armazenamento de carbono.

    Frans Timmermans

    Frans Timmermans, vice-presidente executivo do Pacto Ecológico Europeu, «Com o Fundo de Inovação, a Comissão Europeia concede 1,1 mil milhões de euros para capacitar as empresas inovadoras e visionárias a desenvolverem tecnologias de ponta e impulsionarem a transição climática nos seus domínios. Trata-se de um investimento inteligente na descarbonização e na resiliência da nossa economia. Reforça a posição da indústria europeia enquanto líderes mundiais no domínio das tecnologias limpas, cria postos de trabalho a nível local e ajuda a acelerar a transição ecológica.»

     

    O diretor da Agência de Execução Europeia do Clima, das Infraestruturas e do Ambiente (CINEA), Dirk Beckers, afirmou: «A CINEA orgulha-se de assinar os primeiros projetos de grande escala no âmbito do Fundo de Inovação. Com estes projetos, demonstramos que a transição para as energias limpas já está a decorrer, ao passo que a redução substancial das emissões de gases com efeito de estufa proporciona oportunidades económicas aos promotores de projetos. Estes projetos representam soluções altamente inovadoras nos respetivos setores, que devem abrir caminho a outros.»

    Resumo dos projetos

    Kairos@C — Localizado no porto de Antuérpia (Bélgica), o projeto Kairos@C visa criar a primeira e maior cadeia de valor transfronteiras de captura e armazenamento de carbono para capturar, liquefazer, expedir e armazenar permanentemente CO2. O projeto Kairos@C permitirá a implantação de várias tecnologias pioneiras que, em conjunto, têm potencial para evitar a emissão para a atmosfera de 14 MteCO2 durante os seus primeiros dez anos de funcionamento.

    BECCS em Estocolmo — Localizado em Estocolmo (Suécia), este projeto visa criar uma instalação de captura e armazenamento de carbono bioenergético (Bio-Energy Carbon Capture and Storage — BECCS) em tamanho real na central de produção de calor e eletricidade a partir de biomassa existente em Estocolmo. Combinando a captura de CO2 com a recuperação de calor, o projeto evitará a emissão de 7,83 MteCO2 durante os seus primeiros dez anos de funcionamento. Trata-se de mais do que a totalidade das emissões de gases com efeito de estufa provenientes da produção de eletricidade e calor do setor público na Suécia em 2018.

    Demonstração Hybrit — Localizado em Oxelösund e Gällivare (Suécia), o projeto de demonstração de tecnologia siderúrgica avançada de hidrogénio (Hydrogen Breakthrough Ironmaking Technology Demonstration — Demonstração Hybrit) visa revolucionar a indústria siderúrgica europeia. Substituirá as tecnologias baseadas em combustíveis fósseis por alternativas com impacto neutro no clima, como a produção e utilização de hidrogénio verde. O projeto tem potencial para evitar a emissão de 14,3 MteCO2 durante os seus primeiros dez anos de funcionamento. Além disso, utilizará uma tecnologia associada a importantes benefícios climáticos para o setor da produção de aço.

    Ecoplanta — Situado em El Morell (Espanha), este projeto irá realizar uma instalação comercial pioneira para o mercado europeu, utilizando resíduos que, de outro modo, acabariam em aterros. A unidade produzirá 237 kt/ano de metanol, recuperando assim 70 % do carbono presente em materiais não recicláveis. O projeto evitará a emissão de 3,4 MteCO2 durante os seus primeiros dez anos de funcionamento.

    Programa K6 — Localizado em Lumbres (França), o Programa K6 visa produzir o primeiro cimento neutro em carbono da Europa, tornando-se um projeto representativo para a indústria cimenteira em todo o mundo e apoiando a transição para as energias limpas de um setor com dificuldades em conseguir reduções. O projeto irá implantar, no mar do Norte, uma combinação pioneira à escala industrial de um forno estanque com uma tecnologia criogénica de captura de carbono com armazenamento de CO2 que, de outro modo, seria emitido para a atmosfera. O projeto evitará a emissão de 8,1 MteCO2 durante os seus primeiros dez anos de funcionamento.

    TANGO — Localizado em Catânia (Itália), o projeto TANGO desenvolverá uma linha-piloto à escala industrial para o fabrico de módulos fotovoltaicos inovadores e de elevado desempenho. Multiplicará a capacidade de produção por 15, passando de 200 MW para 3 GW por ano. Uma vez em funcionamento, os módulos produzidos terão potencial para evitar emissões de até 25 MteCO2 nos primeiros dez anos. Além disso, o projeto TANGO reforçará a cadeia de valor na indústria fotovoltaica europeia a montante.

    SHARC — Localizado na refinaria de Porvoo (Finlândia), o projeto de hidrogénio sustentável e recuperação de carbono (Sustainable Hydrogen and Recovery of Carbon — SHARC) reduzirá as emissões de gases com efeito de estufa, passando da produção de hidrogénio fóssil para a produção de hidrogénio renovável por eletrólise e por aplicação de tecnologias de captura de carbono. Durante os primeiros dez anos de funcionamento, o projeto SHARC evitará a emissão de mais de 4 MteCO2.

    Contexto

    Financiado por receitas provenientes da venda em leilão de licenças de emissão no âmbito do CELE, o Fundo de Inovação visa criar os incentivos financeiros adequados para que as empresas e as entidades públicas passem a investir na próxima geração de tecnologias hipocarbónicas e assegurar às empresas da UE a vantagem de se tornarem assim precursoras, consagrando-se como líderes mundiais em tecnologias.

    O Fundo de Inovação é executado pela Agência de Execução Europeia do Clima, das Infraestruturas e do Ambiente (CINEA), enquanto o Banco Europeu de Investimento proporciona assistência ao desenvolvimento de projetos promissores que ainda não estejam em condições de ser concretizados. O Fundo também concede subvenções de pequena escala. Ontem, 31 de março, foi lançado o segundo convite à apresentação de propostas.

    O Fundo de Inovação provém atualmente de 450 milhões de licenças de emissão do CELE vigente no período 2021-2030. Ao abrigo das propostas do pacote Objetivo 55 da Comissão Europeia, será complementado com 50 milhões de licenças de emissão do CELE revisto e 150 milhões de licenças do novo sistema, abrangendo as emissões dos transportes rodoviários e dos edifícios. Além disso, as licenças de emissão que, de outro modo, seriam atribuídas a título gratuito aos setores industriais abrangidos pelo Mecanismo de Ajustamento Carbónico Fronteiriço serão leiloadas e adicionadas ao Fundo de Inovação.

    Para mais informações 

    Descrição dos projetos de grande escala bem-sucedidos

    Sítio Web do Fundo de Inovação

    Proposta de revisão do Sistema de Comércio de Licenças de Emissão da UE

    Concretizar o Pacto Ecológico Europeu

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