Minho é um dos oito centros para acolher supercomputadores de craveira mundial

    11 Junho, 2019 José Ricardo Sousa 1405 Sem comentários

     

     

    Foram selecionados oito sítios de supercomputação em toda a UE para acolher os primeiros supercomputadores europeus. Estes apoiarão os investigadores, a indústria e as empresas da Europa no desenvolvimento de novas aplicações numa vasta gama de domínios, desde a conceção de medicamentos e novos materiais até à luta contra as alterações climáticas.

    Dando um passo importante no sentido de tornar a Europa uma região de supercomputação mundial de alto nível, a Empresa Comum Europeia para a Computação de Alto Desempenho — EuroHPC — selecionou 8 sítios para centros de supercomputação localizados em 8 Estados-Membros com vista a acolher os novos computadores de alto desempenho. Os sítios de acolhimento situar-se-ão em Sófia (Bulgária), Ostrava (República Checa), Kajaani (Finlândia), Bolonha (Itália), Bissen (Luxemburgo), Minho (Portugal), Maribor (Eslovénia) e Barcelona (Espanha). Apoiarão o desenvolvimento de aplicações importantes em domínios como a medicina personalizada, a conceção de medicamentos e materiais, a bioengenharia, a previsão meteorológica e as alterações climáticas. No total, 19 dos 28 países que participam na Empresa Comum farão parte dos consórcios que gerem os centros. Em conjunto com os fundos da UE, tal representa um orçamento total de 840 milhões de euros. As modalidades de financiamento dos novos supercomputadores serão estabelecidas em convenções de acolhimento que serão assinadas em breve.
    Em Portugal, vai realizar-se uma sessão de apresentação e discussão da estratégia nacional de computação avançada e a sua articulação no contexto europeu, com a presença de Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e Khalil Rouhana, Diretor-Geral Adjunto da Direção Geral das Redes de Comunicação, Conteúdos e Tecnologias “DG Connect” da Comissão Europeia, na próxima quarta-feira, dia 12 de junho, no Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Durante a sessão será apresentado o processo de arranque do “Minho advanced Computing Centre – MACC” e do primeiro supercomputador em Portugal, assim como das perspetivas de desenvolvimento da iniciativa Europeia “EuroHPC”.
    O Vice-Presidente do Mercado Único Digital, Andrus Ansip, declarou: «Estes sítios disponibilizarão aos nossos investigadores acesso a supercomputadores de craveira mundial, um recurso estratégico para o futuro da indústria europeia. Os investigadores poderão assim tratar os seus dados dentro da UE e não fora dela. Constitui um avanço importante para a Europa poder atingir um nível superior de capacidade de computação. Ajudar-nos-á a progredir em tecnologias orientadas para o futuro, como a Internet das Coisas, a inteligência artificial, a robótica e a analítica de dados.»
    O Comissário do Orçamento e Recursos Humanos, Günther Oettinger, declarou: «Esta iniciativa demonstra como o investimento conjunto entre a UE e os seus Estados-Membros de apoio a um objetivo comum pode contribuir para fazer da Europa um líder no setor das altas tecnologias, com benefícios significativos para todos os cidadãos e empresas da Europa. Estamos agora a olhar para o futuro orçamento da UE a longo prazo e para o nosso Programa Europa Digital, no âmbito do qual propusemos um investimento significativo para a implantação de uma infraestrutura de dados e de supercomputação de craveira mundial.»

    A Comissária para a Economia e Sociedade Digitais, Mariya Gabriel, acrescentou: «A Empresa Comum Europeia para a Computação de Alto Desempenho é um bom exemplo de como os países da UE podem cooperar com vista a impulsionar a inovação e a competir a nível mundial nestas tecnologias altamente estratégicas. Estou convicta que os novos supercomputadores que estes sítios irão acolher reforçarão a competitividade da Europa no domínio digital. Temos demonstrado o poder da nossa abordagem europeia, que trará benefícios concretos para os nossos cidadãos e ajudará as nossas PME.»
    No mundo de hoje, as capacidades de computação de alto desempenho são cruciais não só para gerar crescimento e emprego, como também para a autonomia estratégica e a inovação em qualquer domínio. A gama de utilizações da supercomputação é vasta. Pode, por exemplo, prever a evolução dos padrões meteorológicos locais e regionais e prever a dimensão e as trajetórias das tempestades e inundações, permitindo ativar sistemas de alerta precoce em caso de fenómenos meteorológicos extremos. É também utilizada na conceção de novos medicamentos, resolvendo equações complexas no domínio da física para modelização dos processos moleculares e das interações de um novo medicamento com os tecidos humanos. As indústrias nos setores automóvel e da aeronáutica utilizam também a supercomputação para realizar simulações complexas e proceder a ensaios sobre componentes individuais e veículos e aeronaves completos. Além disso, uma vez que são vitais para a realização de simulações em larga escala e para a analítica de dados, os supercomputadores são uma componente extremamente importante para o desenvolvimento da inteligência artificial e para o reforço dos pontos fortes da Europa no domínio da cibersegurança e das cadeias de blocos.

    Carlos Moedas, Comissário com o pelouro da Investigação, Ciência e Inovação, declarou: «Os supercomputadores já estão no centro dos principais progressos e inovações em muitas áreas que afetam o quotidiano dos cidadãos europeus. Podem ajudar-nos a desenvolver uma medicina personalizada, poupar energia e lutar contra as alterações climáticas de forma mais eficiente. Uma maior infraestrutura europeia de supercomputação tem um grande potencial para criar emprego e é um fator essencial para a digitalização da indústria e para o aumento da competitividade da economia europeia. Os supercomputadores são um exemplo perfeito da interação entre a indústria, as universidades e os centros de investigação especializados em hardware e software. Assim se prova que a ciência está a voltar a ser um motor da inovação tecnológica. Isto são boas notícias, porque a Europa é líder mundial em ciência. Portugal tem todo o potencial para liderar a corrida aos supercomputadores na Europa, dadas as capacidades científicas e de engenharia dos seus investigadores, infraestruturas e indústria.»

    Próximas etapas
    A Empresa Comum, juntamente com os sítios de supercomputação selecionados, tenciona adquirir 8 supercomputadores: 3 precursores de máquinas à exaescala (capazes de executar mais de 150 petaflops, ou 150 mil biliões de cálculos por segundo) que se contarão entre os 5 supercomputadores mais potentes a nível mundial, e 5 máquinas à petaescala (capazes de executar, pelo menos, 4 petaflops, ou 4 mil biliões de operações por segundo).
    Espera-se que a capacidade de computação do precursor de sistemas à exaescala seja 4 a 5 superior à dos atuais sistemas de supercomputação mais potentes da Parceria para a Computação Avançada na Europa (PRACE). Juntamente com os sistemas à petaescala, irão duplicar os recursos de supercomputação disponíveis para utilização a nível europeu, o que significa que será possível disponibilizar acesso a um número muito superior de utilizadores.
    Nos próximos meses, a Empresa Comum assinará convenções com as entidades de acolhimento selecionadas e com os seus consórcios de acolhimento. Essas convenções refletirão a forma como funcionará o processo de aquisição das máquinas, bem como as respetivas autorizações orçamentais da Comissão e dos países membros. Espera-se que os supercomputadores estejam operacionais no segundo semestre de 2020 e fiquem ao dispor dos utilizadores europeus do meio académico, da indústria e do setor público. Todos os novos supercomputadores estarão ligados à rede pan-europeia de alta velocidade GEANT, tal como os supercomputadores existentes que fazem parte da PRACE.
    Nos próximos dias, altos funcionários da Comissão juntar-se-ão aos representantes dos governos nacionais e dos centros de supercomputação em causa, com vista a apresentar este marco importante para a supercomputação europeia.

    Contexto
    Proposta pela Comissão e apoiada pelo Conselho da UE, a Empresa Comum EuroHPC foi criada em novembro de 2018 com o objetivo de dotar a UE de uma infraestrutura de supercomputação de craveira mundial até ao final de 2020.
    Em fevereiro de 2019, a Empresa Comum lançou os seus primeiros convites à manifestação de interesse a fim de selecionar os sítios que irão acolher os seus primeiros supercomputadores até ao final de 2020. Foram lançados dois convites: um para as entidades de acolhimento de supercomputadores à petaescala e um para as entidades de acolhimento de supercomputadores precursores à exaescala.
    A supercomputação é uma prioridade-chave do Programa Europa Digital da UE, proposto pela Comissão em maio de 2018 no contexto do próximo orçamento de longo prazo da UE, que inclui uma proposta de 2,7 mil milhões de EUR para o financiamento da supercomputação na Europa no período de 2021-2027. Este orçamento permitirá à Empresa Comum apoiar a aquisição de supercomputadores à exaescala (capazes de executar 1018 cálculos por segundo, ou mil petaflops) até 2023 e o desenvolvimento de aplicações líderes executadas nesses supercomputadores, bem como das competências necessárias para a sua utilização.

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