UE aprova o compromisso alcançado na COP27

    22 Novembro, 2022 José Ricardo Sousa 482 Sem comentários

    Na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), que terminou na manhã de domingo em Sharm el-Sheikh, no Egito, a Comissão Europeia deu provas de ambição e flexibilidade para manter ao nosso alcance o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus. Após uma semana de difíceis negociações, um esforço forte e em união da Europa ajudou a garantir um acordo difícil para manter as metas do Acordo de Paris. A posição conciliadora da UE contribuiu também para a criação de novos mecanismos de financiamento equilibrados, com uma base de doadores alargada, destinados a apoiar as comunidades vulneráveis a lidarem com as perdas e os danos causados pelas alterações climáticas.

    No que se refere aos esforços de mitigação, as Partes acordaram em que a limitação do aquecimento global a 1,5 °C exige reduções rápidas, profundas e sustentadas das emissões mundiais de gases com efeito de estufa, nomeadamente a sua redução em 43 % até 2030, em relação ao nível de 2019. Reconheceram igualmente que tal exige uma maior rapidez na ação nesta década crucial, tendo reiterado o apelo do Pacto de Glasgow sobre o Clima para que os contributos determinados a nível nacional sejam atualizados até ao final de 2023, conforme necessário, a fim de estarem alinhados com o objetivo do Acordo de Paris relativo à temperatura. Afirmaram também que o Pacto de Glasgow sobre o Clima orientará um novo programa de trabalho sobre a mitigação, a fim de incentivar as Partes a alinharem as suas metas e ações para alcançar a neutralidade carbónica.

    No que diz respeito a perdas e danos, as Partes decidiram estabelecer novos mecanismos de financiamento para ajudar os países em desenvolvimento particularmente vulneráveis aos efeitos adversos das alterações climáticas, incluindo um novo fundo centrado na resposta às perdas e danos, a criar por um comité de transição que examinará igualmente as possibilidades de alargamento das fontes de financiamento.

    A COP da implementação

    Os resultados finais da COP27 complementam os numerosos acordos bilaterais e multilaterais concretizados pela Comissão nas últimas duas semanas. A presidente Ursula von der Leyen participou na cimeira de líderes no início da COP27 e assinou parcerias com o Cazaquistão sobre matérias-primas, baterias e hidrogénio renovável e com a Namíbia sobre matérias-primas sustentáveis e hidrogénio renovável, tendo anunciado com o presidente egípcio El-Sisi uma parceria estratégica para o hidrogénio renovável, assinada pelo vice-presidente executivo Frans Timmermans e pela comissária Kadri Simson. A presidente Ursula von der Leyen lançou igualmente parcerias no domínio das florestas e do clima com o Congo, a Guiana, a Mongólia, a Zâmbia e o Uganda. A importância da natureza para as crises interligadas do clima e da biodiversidade constituirá também uma das principais prioridades da próxima COP15 sobre a biodiversidade, que terá lugar em Montreal, no Canadá, em dezembro.

    Num evento destinado a fazer um balanço do Compromisso Mundial sobre o Metano lançado há um ano pela UE e pelos EUA, Frans Timmermans congratulou-se com o apoio crescente a esta iniciativa, que é agora apoiada por mais de 150 países. O vice-presidente executivo Frans Timmermans anunciou uma nova iniciativa Equipa Europa para disponibilizar mais de mil milhões de EUR de financiamento para ajudar África a adaptar-se às alterações climáticas. Durante a COP27, a UE saudou e aprovou o plano de investimento para uma transição energética justa da África do Sul e assinou uma nova Parceria para a Transição Energética Justa com a Indonésia no G20, em Bali.

    Sobre os resultados da COP27, a presidente Ursula von der Leyen declarou o seguinte: «A COP27 confirmou que o mundo não retrocederá no Acordo de Paris e constitui um passo importante na direção da justiça climática. Não obstante, a ciência afirma claramente que é necessário realizar esforços muito maiores para manter a habitabilidade do planeta. O que é também evidente é que a UE desempenhou um papel fundamental em Sharm el-Sheikh e não renunciará à sua ação a nível nacional e internacional a favor do clima. Agradeço ao vice-presidente executivo Frans Timmermans e à nossa equipa de negociação por trabalharem noite e dia para desbloquear as difíceis conversações e evitar uma rutura do processo da CQNUAC, que continuará a ser crucial. A nossa equipa de negociação conseguiu gerar confiança entre os nossos parceiros em todo o mundo, mantendo a firmeza no que respeita à mitigação e mostrando flexibilidade no que se refere ao financiamento das perdas e danos causados pelas alterações climáticas.»

    Contexto

    No decurso da Conferência, a Comissão albergou mais de 125 eventos paralelos, no seu pavilhão em Sharm el-Sheikh e na Internet, sobre questões como a proteção da biodiversidade e a restauração da natureza, a segurança energética e a transição ecológica, o financiamento sustentável, a segurança alimentar e hídrica e a investigação e inovação. Entre esses eventos contou-se um entusiasmante diálogo entre o vice-presidente executivo Frans Timmermans e representantes da juventude de todo o mundo.

    Ao abrigo do Acordo de Paris de 2015, 194 países concordaram em apresentar contributos determinados a nível nacional que representam as suas metas individuais de redução das emissões. Conjuntamente, esses contributos determinados a nível nacional deverão contribuir para manter o aumento da temperatura média mundial abaixo de 2 °C – e tão próximo quanto possível de 1,5 °C – até ao final do século. Os relatórios de 2022 do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (PIAC) das Nações Unidas alertaram para o facto de que o mundo deverá atingir o nível de 1,5 °C nas próximas duas décadas e de que apenas uma redução mais drástica das emissões de carbono poderá ajudar a evitar uma catástrofe ambiental. Este aumento da temperatura teria efeitos extremamente nocivos que constituem um desafio existencial.

    A União Europeia é líder mundial na ação climática, tendo já reduzido as suas emissões de gases com efeito de estufa em mais de 25 % desde 1990 e registado, em paralelo, um crescimento da sua economia superior a 60 %. Com o Pacto Ecológico Europeu, apresentado em dezembro de 2019, a UE reforçou os seus objetivos climáticos, comprometendo-se a alcançar a neutralidade climática até 2050. Este objetivo tornou-se juridicamente vinculativo com a adoção e a entrada em vigor, em julho de 2021, da Lei Europeia do Clima. A referida lei estabelece igualmente uma meta intermédia de redução das emissões líquidas de gases com efeito de estufa em, pelo menos, 55 % até 2030, em comparação com os níveis de 1990. Essa meta para 2030 foi comunicada à CQNUAC em dezembro de 2020, constituindo o contributo determinado a nível nacional da UE no âmbito do Acordo de Paris. Em 2021, a UE apresentou um conjunto de propostas com o objetivo de tornar as suas políticas em matéria de clima, energia, uso do solo, transportes e fiscalidade aptas para alcançar uma redução das emissões líquidas de gases com efeito de estufa de, pelo menos, 55 % até 2030. Logo que possível após a adoção destas propostas, a UE atualizará o seu contributo determinado a nível nacional conforme adequado.

    O financiamento da ação climática é fundamental para apoiar os esforços das comunidades vulneráveis para se protegerem dos efeitos das alterações climáticas, assim como para apoiar o crescimento económico sustentável. Os países desenvolvidos comprometeram-se a mobilizar, entre 2020 e 2025, um total de 100 mil milhões de dólares anuais de financiamento internacional para ajudar os países mais vulneráveis e os pequenos Estados insulares a fazer face às alterações climáticas, em particular nos seus esforços de mitigação e adaptação. A UE constitui o principal doador, representando cerca de um quarto da meta.

    Mais informações:

    Declaração da presidente Ursula von der Leyen sobre os resultados da COP27

    Intervenção de Frans Timmermans, vice-presidente executivo responsável pelo Pacto Ecológico Europeu, na sessão plenária de encerramento

    Perguntas e respostas sobre a UE na COP27

    A UE no programa de eventos paralelos da COP27

    Ficha informativa sobre o contributo da Equipa Europa para o financiamento da ação climática

    *: updated on 21/11/2022 – 15.00

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