A Comissão Europeia deu hoje uma avaliação positiva do plano de recuperação e resiliência de Portugal, que inclui um capítulo REPowerEU. O montante afetado ao plano, que inclui 44 reformas e 117 investimentos, eleva-se agora a 22,2 mil milhões de euros, concedidos sob a forma de subvenções e empréstimos.
O capítulo REPowerEU do plano inclui 6 reformas e 16 investimentos que têm por alvo concretizar os objetivos do plano REPowerEU, ou seja, tornar a Europa independente dos combustíveis fósseis russos muito antes de 2030. Estas medidas visam prioritariamente promover a eficiência energética dos edifícios, apoiar o desenvolvimento de uma indústria verde, de energias e gases renováveis, de transportes sustentáveis e da rede elétrica.
Portugal propôs também 34 investimentos novos ou reforçados relativamente ao seu plano inicial e cinco novas reformas que visam aumentar a eficiência do sistema de proteção social e do sistema fiscal, promover a economia circular e uma boa gestão dos resíduos e impulsionar ainda mais a transição digital da administração pública. Mantêm-se todos os investimento e reformas previstos no plano de recuperação e resiliência inicial.
As alterações relativamente ao plano inicial baseiam-se na necessidade de ter em conta:
A fim de poder financiar os objetivos agora mais ambiciosos do seu plano, Portugal solicitou a transferência, para o plano, da totalidade da sua quota-parte da Reserva de Ajustamento ao Brexit, em conformidade com o Regulamento REPowerEU, cujo valor se eleva a 81 milhões de euros. Portugal solicitou igualmente 3,2 mil milhões de euros em empréstimos adicionais, que acrescem aos 2,7 mil milhões já incluídos no seu plano. Juntamente com as subvenções REPowerEU e MRR (de, respetivamente, 704 milhões e 15,5 mil milhões de euros), estes fundos elevam o valor total do plano alterado apresentado a 22,2 mil milhões de euros.
Um impulso adicional à transição ecológica de Portugal
O plano alterado dá maior ênfase à transição ecológica, consagrando 41,2 % (face aos 37,9 % do plano original) dos fundos disponíveis a medidas de apoio aos objetivos climáticos.
As medidas previstas no capítulo REPowerEU contribuem grandemente para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. As reformas propostas vão da racionalização do licenciamento de projetos de energias renováveis à adoção de legislação que contribuirá para a implantação do biometano e do hidrogénio renovável no país. Os investimentos REPowerEU visam reforçar a eficiência energética dos edifícios residenciais, de serviços e públicos e desenvolver um modelo de balcão único para as intervenções em matéria de eficiência energética. As principais medidas incluem o apoio à aplicação de um sistema de trânsito rápido por autocarro na cidade de Braga, utilizando principalmente veículos descarbonizados, bem como a modernização de 75 estabelecimentos de ensino públicos. Outras reformas e investimentos estratégicos visam descarbonizar os transportes tanto no continente como nas regiões autónomas e reforçar a capacidade de armazenamento a fim de aumentar a flexibilidade do sistema energético. Será também criado um observatório da pobreza energética para acompanhar e ajudar a definir políticas de ajuda às famílias necessitadas.
Para além da introdução do capítulo REPowerEU, a definição de ambiciosas agendas em matéria de investigação e inovação desenvolvidas através consórcios entre empresas e universidades centrados na transição ecológica reforçará as capacidades científicas e tecnológicas do país.
Espera-se que todas estas medidas tenham um impacto duradouro a nível da transição ecológica.
Reforçar a preparação digital e a resiliência social de Portugal
O plano continua também a ser bastante ambicioso no que diz respeito ao digital, consagrando 21,1 % da sua dotação total ao apoio à transição digital.
Alguns dos novos investimentos que contribuem para este objetivo visam acelerar o processo de transformação digital e a digitalização da ciência, promovendo o desenvolvimento do ecossistema de inovação e empreendedorismo das instituições de ensino superior, reduzindo a precariedade dos investigadores e apoiando políticas públicas baseadas em dados.
A dimensão social do plano alterado continua também a ser muito ambiciosa e inclui medidas muito reforçadas que deverão permitir a Portugal fazer face a desafios sociais com que se debate desde há muito. As medidas dizem respeito à capacidade de resposta e à acessibilidade dos serviços de cuidados de saúde e de cuidados continuados, bem como ao acesso à habitação social e a preços acessíveis. Uma nova reforma simplificará o sistema de prestações sociais de modo a facilitar a concessão de apoio às pessoas mais vulneráveis. O plano continua a proporcionar uma vasta gama de serviços sociais centrados nos idosos, nas pessoas com deficiência e nos migrantes, bem como programas integrados que se destinam a apoiar as comunidades desfavorecidas nas áreas metropolitanas mais pobres.
Próximos passos
Normalmente, o Conselho dispõe agora de quatro semanas para aprovar a avaliação da Comissão.
A aprovação do Conselho permitiria a Portugal apresentar o (s) próximo (s) pedido (s) de pagamento ao abrigo do MRR e um pedido de 157 milhões de euros de pré-financiamento a partir dos fundos REPowerEU.
A Comissão autorizará mais desembolsos em função do cumprimento satisfatório de todos os marcos e metas definidos no plano de recuperação e resiliência, que reflete os progressos realizados a nível da execução dos investimentos e das reformas.
Contexto
Até à data, Portugal recebeu 5,1 mil milhões de euros, incluindo pré-financiamentos (2,2 mil milhões de euros desembolsados em 3 de agosto de 2021) e pagamentos, na sequência da avaliação positiva do seu primeiro e segundo pedidos de pagamento (1,16 mil milhões de euros em 9 de maio de 2022, seguidos de 1,8 mil milhões de euros em 8 de fevereiro de 2023).
Para mais informações:
Avaliação positiva, pela Comissão, do plano revisto de Portugal
Capítulos REPowerEU e revisão dos planos de recuperação: Perguntas e respostas
Sítio Web do plano de recuperação e resiliência de Portugal
Mecanismo de Recuperação e Resiliência: Perguntas e Respostas
Regulamento que cria o Mecanismo de Recuperação e Resiliência